Depressão: você realmente sabe o que é?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a 4ª maior causa de anos de vida perdidos por incapacidade, mas você sabe definir o que é depressão? Existe um exame de sangue ou de imagem cerebral que dê diagnóstico? Desde quando depressão é reconhecida como doença?

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A utilidade clínica da dependência de comida

Características e prejuízos psicossociais numa amostra de indivíduos em busca de tratamento

Pouco se sabe sobre as características de pessoas em busca de tratamento para dependência de comida (DC) e a utilidade clínica de DC ainda não é estabelecida. Para esclarecer essas questões examinamos características demográficas, o comportamento alimentar e condições psiquiátricas associadas à DC.

Também investigamos se DC está relacionada com prejuízos psicossociais. 46 participantes completaram a pesquisa durante participação no grupo de tratamento para DC no Hospital de Clínicas da USP.

A maioria dos participantes era de mulheres, brancas, com média de idade de 43 anos. 83% apresentou alguma comorbidade psiquiátrica, especialmente ansiedade e depressão. DC esteve associada com severidade de compulsão alimentar, sintomas de ansiedade e a prejuízos psicológicos, físicos e sociais.

Em análise de regressão logística controlando compulsão alimentar, fissura por comida, depressão e ansiedade, DC permaneceu como significante preditor de prejuízos sociais. Em geral, os resultados sugerem que indivíduos que buscam tratamento para DC têm risco aumentado de apresentar condições comórbidas, especialmente transtornos ansiosos. Os resultados desta pesquisa oferecem evidência da utilidade clínica de DC, particularmente explicando os prejuízos sociais.

Não há como evitar a primeira mordida

Uma investigação qualitativa de dependência de comida em mulheres e homens brasileiros em busca de tratamento

Nos últimos anos houve debates divergentes sobre dependência de comida. Para avançar em direção à definição e mensuração válidas desse construto são necessárias pesquisas qualitativas descrevendo as experiências dos indivíduos.

O presente estudo explorou como homens e mulheres brasileiros definem e experimentam dependência de comida. Foram realizadas entrevistas com 7 homens e 8 mulheres (média de idade = 46,6 anos; média de IMC = 35,43 kg/m2) em busca de tratamento para dependência de comida. A análise temática das entrevistas identificou três temas que descrevem as conceituações dos participantes das (1) características, (2) fatores causais e (3) conseqüências da dependência de comida.

A falta de controle foi uma característica fundamental da alimentação do tipo viciante descrita por todos os participantes. Um fator causal que a maioria dos participantes descreveu foi o comer emocional. As consequências incluíram prejuízos emocionais, interpessoais, ocupacionais e relacionados à saúde, que pareciam primariamente relacionados ao ganho de peso, e não ao padrão do comportamento alimentar. Esses resultados são amplamente consistentes com os de estudos qualitativos anteriores.

Psicoterapia grupal para transtorno de escoriação

Psicodrama versus terapia de apoio

O Transtorno de Escoriação (TE) é caracterizado por recorrentes escoriações da pele, geralmente associada a desregulação emocional. A psicoterapia é um tratamento valioso, porém faltam na literatura estudos enfatizando as interações dos pacientes e o potencial benefício do tratamento em grupo.

Foram recrutados para estudo piloto 38 indivíduos com TE, dos quais 19 indivíduos iniciaram o tratamento, sendo que 10 foram inseridos no grupo de psicodrama (GP) e 9 no grupo de terapia de apoio (GTA).

Toda a amostra apresentou melhora da escoriação cutânea no auto-relato, na classificação clínica e na melhoria da adequação social; no entanto, não houve diferença entre os grupos. Além disso, não houve mudança relevante para ansiedade, depressão ou regulação emocional durante todo o tratamento. A desregulação emocional foi associada à severidade da escoriação, bem como à depressão, ansiedade e desajuste social, tanto no início quanto no final do tratamento.

Embora ambos os grupos tenham demonstrado melhora das escoriações cutâneas, os resultados contradizem nossa hipótese primária de que o GP teria eficácia superior ao GTA para pacientes com TE. Os resultados encorajam estudos futuros de intervenção grupal para TE em amostras maiores com foco na melhora da regulação emocional.

Capítulo sobre Dependência de Comida no livro “Psiquiatria, saúde mental e a clínica da impulsividade” (2022)

O capítulo sobre Dependência de Comida deste livro foi escrito pelo Dr. Edgar.

Tratamento da dependência de comida: resultados preliminares

Neste artigo o Dr. Edgar e a equipe de Dependência de Comida do HC publicaram o programa sessão-por-sessão utilizado no tratamento grupal no HC, assim como os resultados dos primeiros grupos.

Contexto: Desde 2009 tem crescido bastante o interesse da comunidade científica sobre o conceito de Dependência de Comida (DC), com aumento do número de publicações sobre o tema.

Objetivo: Examinamos a viabilidade e eficácia de um programa de tratamento em grupo para DC. O programa incluía componentes de orientação nutricional, entrevista motivacional (EM) e Terapia de Esquema (TE).

Métodos: Nove voluntários recrutados no hospital de clínicas da USP participaram da intervenção, composta por 21 sessões semanais. As avaliações pré e pós-tratamento incluíram:

  • Escala de Dependência de Comida (YFAS): investiga o comportamento alimentar no último ano adaptando os critérios de dependência química à comida
  • Questionário de Esquemas de Young (YSQ): pesquisa diferentes formas de pensamentos e comportamentos disfuncionais
  • Teste de Investigação Bulímica de Edinburgh (BITE): investiga alterações do comportamento alimentar
  • Inventário de Depressão de Beck (BDI): pesquisa presença de sintomas depressivos
  • Inventário de Ansiedade de Beck (BAI): pesquisa presença de sintomas ansiosos
  • Índice de massa corporal (IMC).

Resultados: Sete participantes completaram o tratamento em grupo. Identificou-se redução média nos sintomas de DC de 6,14 no pré-tratamento para 2,86 no pós-tratamento, e uma redução de indivíduos que atendem aos critérios de DC de 100% para 14,29% no pós-tratamento. Foi observada uma redução nos esquemas de Young (YSQ), embora essa diferença não tenha sido estatisticamente significativa. Não houve redução significativa no comportamento alimentar avaliado pela BITE, nem dos sintomas depressivos, ansiosos, e nem do IMC.

Conclusões: A Terapia do Esquema, acompanhado de nutrição comportamental e EM, pode representar um caminho promissor para o tratamento da Dependência de Comida.

Link para o artigo publicado originalmente na revista Archivespy: à O link pro artigo acima, que está no site, leva pra uma página não encontrada. Encontrei esse novo link: SciELO – Brasil – Treatment of food addiction: preliminary results Treatment of food addiction: preliminary results

Entrevista para uol sobre dependência de comida

O VivaBem conversou com Dr. Edgar Oliveira, psiquiatra, terapeuta cognitivo e coordenador grupo de Dependência de Comida do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (AMITI) do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo), para entender melhor o vício em comida.

O que é dependência de comida?

Dependência de comida (DC) é o mesmo conceito de dependência química aplicado ao comportamento alimentar, ou seja, a hipótese de que alguns alimentos ou substâncias adicionadas a eles podem provocar dependência em pessoas suscetíveis, especialmente alimentos ricos em sal, açúcar e/ou gordura. A princípio, qualquer alimento…