Assim como nem todas as pessoas que consomem álcool o fazem de forma prejudicial, nem todas as pessoas que jogam (apostando valores) o fazem de forma problemática. Por outro lado, em geral, todo comportamento que excita o sistema cerebral de recompensa (associado ao prazer), realizado de forma repetida e excessiva, pode levar a uma relação de dependência.

Estima-se que no Brasil cerca de 12% da população realize apostas regulares, mas apenas 1% tem Transtorno do Jogo (TJ). É a terceira dependência mais prevalente, três vezes mais comum em homens do que em mulheres. Estão em maior risco: minorias étnicas e religiosas; desempregados; pessoas com baixo nível socioeconômico e com menor acesso à educação. Há um predomínio de pessoas entre 30-50 anos.

A definição de jogo de azar é: qualquer atividade que envolva empenhar um valor (aposta) na previsão de um evento futuro. O resultado é, em sua maior parte, independente das ações do apostador.

O diagnóstico de TJ deve ser realizado por psiquiatra, uma vez que é uma condição específica e pode necessitar de diagnóstico diferencial com outros transtornos.

Critérios diagnósticos

O TJ foi recentemente reconhecido como uma dependência. Critérios importantes para que o diagnóstico seja considerado são:

  • O comportamento problemático de jogo persiste por mais de 12 meses, levando a sofrimento e prejuízos significativos;
  • Inquietude ou irritabilidade quando tenta parar de jogar;
  • Pensamentos muito frequentes sobre jogo, como planejar a próxima oportunidade;
  • Prejuízos em relações pessoais ou situações profissionais devido jogo

Causas

Pode contribuir para levar ao TJ o histórico familiar (genética) e o acesso facilitado ao jogo (legalização, proximidade de cassino, etc).

Também têm maior risco de desenvolver TJ pessoas com personalidade mais impulsiva, com inclinação a buscar melhorar de estados emocionais negativos através do jogo e com tendência a interpretar eventos casuais como fruto de uma lógica subjacente / força superior.

Características clínicas

É muito comum que as pessoas com TJ passem pelas três fases clássicas: 1) vitórias; 2) perdas; 3) desespero. Muitos realizam empréstimos, fazem dívidas, podendo levar a grande desgaste e até ruptura de laços familiares e sociais. Apenas 8% busca tratamento, apesar de que a maioria tem comorbidades como transtornos depressivos, ansiosos e outras dependências.

Tratamento

Além dos grupos de Jogadores Anônimos, o tratamento psicoterapêutico também costuma ser fundamental visando redução dos prejuízos do jogo, prevenção de recaída, etc.

O psiquiatra pode prescrever psicofármacos bem indicados para o TJ, que podem auxiliar na redução da vontade de jogar e no ganho de controle sobre esse comportamento. Também deve diagnosticar e tratar dos transtornos comórbidos que o jogador pode apresentar.

O Dr. Edgar Oliveira é especializado nesse tido de transtorno.

Fontes:

TAVARES, H., ABREU, C.N., SEGER, L. MARIANI, M.M.C, & FILOMENSKY, T.Z. (2015) (Eds.) Psiquiatria, Saúde Mental e a Clínica da impulsividade. Barueri, SP: Manole.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (2014). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5. Porto Alegre: ARTMED.